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Sobre o IMAS
O que fazemos
O IMAS oferece estratégias de reconhecimento e registro da relação entre pessoas, coisas e paisagens através de cursos e oficinas, teóricos e práticos. Levantamentos, mapeamentos, visitas-circuitos, são algumas das estratégias que podem ser adaptadas a programas curriculares em escolas e universidades, ou aos interesses de outros grupos sociais, como na promoção de fazeres artísticos, ou no amparo a movimentos sociais.
Os objetivos e/ou problemas de pesquisa que orientam cada atividade são adequados ao interesse de cada grupo envolvido e de acordo com os Lugares-Contextos definidos para os exercícios. Por outro lado, a condição pública dos espaços trabalhados permite uma aproximação a saberes e histórias locais, assim como processos identitários na relação indivíduo – coletivo.
Público Alvo
O IMAS surgiu como desdobramento do projeto Campos e Saberes e prevê a adaptação das atividades para a classe artística, o turismo, bem como junto a comunidades tradicionais que buscam instrumentalização na defesa de seus interesses e direitos, com o acesso e domínio de ferramentas e do conhecimento científico-acadêmico no âmbito das ciências humanas. O projeto Campos e Saberes, coordenado por Camilla Agostini no Núcleo de Estudos de Cultura Material, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Nupecm/UERJ), foi concebido para contribuir com estudantes do ensino básico, professores, graduandos e pós-graduandos com interesse no exercício de metodologia científica em ciências humanas. Promove atividades em diálogo com a Arqueologia, História, Antropologia, Geografia, Ciências Ambientais, Educação, Artes e áreas vizinhas, contando com o trabalho de campo nas suas práticas e processos criativos.
Projetos que Inspiram
O Programa Encontro de Saberes, concebido pelo professor José Jorge de Carvalho da Universidade de Brasília, traz para as salas da pós-graduação e da graduação, em quinze universidades públicas brasileiras, mestres de saberes tradicionais para ensinar como douto saber. É um programa revolucionário na Educação Brasileira, seguindo os caminhos abertos por Paulo Freire, entre as décadas de 1960 e 1980, além do diálogo com contribuições contemporâneas de pensadores como Lélia Gonzalez, Conceição Evaristo, Ailton Krenak e Daniel Munduruku, garantindo o reconhecimento e a inclusão desses saberes e suas epistemes com a mesma legitimidade do saber acadêmico-científico-racionalista, incluindo olhar crítico sobre este, como fundamental para a real democratização das oportunidades e do conhecimento.
Na década de 1970, o arqueólogo estadunidense William Rathje lançou um olhar para o lixo contemporâneo com o intuito de pensar padrões de comportamento e de consumo, respondendo a questões de interesse público sobre consumo, alimentação e saúde. O The Garbage Project (Projeto do Lixo) nos inspira a revisitar as propostas de Rathje, pensando o fazer acadêmico em diálogo com políticas públicas e demandas sociais.
Paulo Freire e a Educação como Prática de Liberdade
Aprendendo com Paulo Freire, buscamos os caminhos de práticas de liberdade. Seja pela condição de protagonista na produção do conhecimento, seja pela tomada de consciência que ela permite. Do ponto de vista pedagógico, partir de atividades referenciadas a contextos históricos específicos. Unir de maneira experimental e experiencial a reflexão e a prática no desenvolvimento de processos criativos. Colocar em diálogo os saberes e fazeres de diferentes disciplinas das ciências humanas e saberes tradicionais e/ou locais.
O fazer arqueológico tem se mostrado um aliado na sala de aula, em práticas pedagógicas. O projeto Arqueologia vai à escola, desenvolvido pela arqueóloga Márcia Bezerra, professora na Universidade Federal do Pará, mostra como a prática arqueológica pode servir para a experimentação de princípios do método científico, a formulação e desenvolvimento de questões de pesquisa, o olhar integrado de disciplinas como a geografia, a história, o português, as artes, além da experiência do trabalho em equipe e do sentido de disciplina e de responsabilidade. O projeto fez parte de sua tese de doutorado no MAE/USP, na década de 1990.
O Projeto Vídeo nas Aldeias, idealizado na década de 1980 pelo indigenista Vincent Carelli, é excelente exemplo para pensar como as Ciências Sociais aliadas ao audiovisual podem ser facilitadoras para o empoderamento de grupos tradicionais. Oferecer recursos para expressão e autorreflexão a comunidades tradicionais é um caminho importante para suas agendas e lutas, como inspira também o projeto Passados Presentes, desenvolvido no século XXI, em uma parceria de equipes de pesquisa de História da Universidade Federal Fluminense, coordenadas por Hebe Mattos e Martha Abreu, e da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, coordenada por Keila Gringberg, junto a comunidades quilombolas e grupos jongueiros. Esse trabalho com a memória sobre o passado escravocrata se dedica a pensá-lo na sua relação e repercussões com os dias atuais.
O projeto do Museu da Pessoa, iniciado em princípios da década de 1990, em São Paulo, tem servido como uma Tecnologia de Memória Social adaptada em diferentes atividades para grupos com interesses variados. Uma ferramenta para o reconhecimento e fortalecimento de identidades coletivas a partir de identidades pessoais, com o uso de diferentes tipos de registros e fontes na mobilização de memórias e identidades.
O Clube da Leitura RJ – clube de prosa narrativa, coletivo literário formado no Rio de Janeiro em 2008, coordenado por Guilherme Preguer, inspira dinâmicas criativas que prescindem do exercício da escrita, da leitura e da escuta. Exercícios que podem lançar mão de objetos e imagens, além de textos escritos, tal como tem sido desenvolvido por José Fontenele em coletivo literário na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro - o Clube da Leitura ZO / RJ.
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