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PROJETO CAMPOS E SABERES

Espaços públicos são excelentes campos para encontros e aprendizados, inclusive como extensão da sala de aula. A prática de uma “Pesquisa em Ação” (Brandão e Streck, 2006) permite, como ressalta Danilo R. Streck, o aprofundamento da importância e da definição de contexto em uma pesquisa e a instrumentalização de ferramentas de análise para sistematização e organização de saberes de determinada localidade, por estar em “um lugar estratégico para ‘movimentar’ os saberes em diferentes áreas e esferas” (Streck, 2006: 268). Desse lugar o pesquisador em formação pode descobrir que

 

“pesquisar e ensinar-aprender são partes do mesmo processo de conhecer, isto é, de compreender, intervir e transformar a realidade. A produção do conhecimento situa-se em vários lugares, cada um desses com características próprias de acordo com os papéis que cabem aos respectivos atores. A pesquisa faz parte, assim, de um amplo “movimento do saber” (Streck, 2006: 266).

 

Streck ressalta ainda algo muito importante, ao trazer para a pauta a instrumentalização do racionalismo na construção do saber acadêmico:

 

“(...) [a de ser] preciso uma permanente atenção para o que significa rigorosidade científica, uma vez que ela não se esgota com a aplicação correta de instrumentos e o controle de algumas variáveis. A rigorosidade significa, sobretudo, saber movimentar-se entre os diversos saberes e ajudar na criação de sentidos que ajudem aquela comunidade a concretizar suas estratégias de organização, desenvolvimento e convivência e lhes desenvolva a possibilidade de sonhar outro mundo (Streck, 2006: 270).” 

 

Hilton Japiassú (1975) oferece um parâmetro para a noção de interdisciplinaridade onde se entende que o trânsito entre disciplinas e saberes promove a transformação da disciplina original, permitindo o surgimento de perspectivas híbridas e originais. Sua abordagem, junto com as propostas de Paul Feyerabend (1970), ajuda a pensar no conhecimento como um processo criativo e socialmente inclusivo. A ação conjunta da reflexão com a prática, historicamente situada, como ensina Paulo Freire, pretende abrir caminhos para tomadas de consciência e apropriação dos processos do conhecimento.

É crescente o debate sobre descolonização e democratização do conhecimento, o que implica no desenvolvimento de práticas participativas, colaborativas, intersaberes e extramuros das universidades e das escolas. Lélia Gonzalez e Conceição Evaristo são importantes referências para olhares plurais, referenciados, inclusivos e politicamente conscientes.

A partir dessas perspectivas, o projeto "Campos e Saberes: prática de pesquisa interdisciplinar na extensão da sala de aula" se ocupa em promover atividades de pesquisa simulada, adaptadas para os públicos escolar, acadêmico, artístico, do turismo e das comunidades tradicionais. O projeto vem sendo coordenado por Camilla Agostini no Departamento de Arqueologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro desde 2017, e segue como projeto junto ao Núcleo de Estudos de Cultura Material - Nupecm/UERJ.

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